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10 alimentos detox para incluir no cardápio

Alimentos detox: Chá verde

Chá verde

Ativa enzimas que ajudam na metabolização de toxinas.

Alho

Além de ter ação anti-inflamatória, ele melhora as enzimas do fígado, protegendo-o e ajudando no processo de limpeza.

Verduras crucíferas

Verduras como brócolis, couve-flor, aspargos e couve-de-bruxelas também são capazes de ativar enzimas responsáveis por eliminar toxinas.

Dente-de-leão e Silimarina

A primeira erva colabora para a limpeza hepática e a segunda protege o fígado.

Aminoácidos

Por estarem presentes nas carnes, que ficam de fora de uma alimentação detox, é preciso lançar mão de suplementos em cápsulas (como eni acetilcisteina e metionina) que potencializam a desintoxicação.

Gema de ovo

Contém uma vitamina chamada colina que é importante no processo desintoxicante.

Limão

Tem ação alcalinizante e é rico em terpeno, substância que ajuda o fígado a se livrar de impurezas.

Maçã

Possui alta ação adstringente, ativa a liberação da bílis e elimina toxinas.

Gengibre

É um alimento antioxidante que também age no fígado.

Água

É purificante e também condutora.

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O ritual da comida

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Como muitas garotas de ascendência judaica, a chef Andréa Kaufmann aprendeu a cozinhar e a manipular as panelas com sua mãe e sua avó, que estavam sempre a postos na cozinha. Apesar de a família não seguir uma dieta restritiva judaica no dia a dia, Andréa lembra que nas festas e celebrações religiosas era comum ver sua mama iídiche dedicar-se ao preparo de pratos especiais para as datas.

“No judaísmo, as celebrações sempre acontecem em volta da mesa farta, com cada prato tendo um significado especial”, conta Andréa. Não é diferente em muitas outras religiões, nas quais o alimento, mais que nutrir, tem um significado próprio associado à divindade. Ao longo da história, muitos povos viam a comida como uma dádiva, um milagre divino. “Muito antes de as principais correntes religiosas de hoje se consolidarem (como o cristianismo, o islamismo e o próprio judaísmo), já eram comuns os ritos de oferendas aos deuses, bem como as festas que vão celebrar as colheitas, fundamentais para aplacar a fome dos povos antigos”, diz Sandro Dias, professor de História daGastronomia do Centro Universitário Senac, em Águas de São Pedro (SP). Nesse contexto, a refeição adquire uma simbologia toda especial, repleta de significados.

Andréa se lembra em especial do Rosh Hashanah, o Ano Novo judaico, em que logo depois de uma celebração na sinagoga, as famílias voltam para casa para comer. A refeição começa sempre com a maçã, que representa o início, remetendo a Adão e Eva (responsáveis pela primeira e mais famosa transgressão alimentar da humanidade). Depois, serve-se o Chalá (pão em formato circular, representando algo cíclico, sem fim) com patês e, em seguida, os pratos. O peixe é um dos poucos animais representados à mesa, por ele só nadar para a frente – como os judeus esperam que seja seu novo ano. “Uma das minhas mais doces lembranças é a torta de maçã que minha avó fazia para essa data”, relembra Andréa.

É da admiração de ver a avó cozinhar nessas ocasiões que Andréa diz ter começado a se encantar com a cozinha. Ela separava as espinhas dos peixes, ajudava a quebrar os ovos. E, assim, foi pegando gosto pelo ato de cozinhar. Até que, depois de deixar de lado a profissão de publicitária, ela resolveu abrir em 2007 seu primeiro restaurante, uma delicatessen especializada em pratos judaicos. “Recebia muita gente que, como eu, tinha lembranças dessa gastronomia festiva, mas que nem sempre tinha a chance de comê-la no dia a dia”, afirma ela. Hoje, em seu novo restaurante, o AK Vila, na Vila Madalena, em São Paulo, passou a oferecer um cardápio mais “variado”. Mas ainda mantém algumas iguarias do repertório gastronômico judaico, como uma bruschetta que leva tâmara (um dos sete elementos bíblicos citados no Deuteronômio), falafel, pastrami e goulash de vitela – esta última uma receita em homenagem à avó húngara. “Mesmo inconscientemente, acabo me voltando a esses sabores, não tem jeito. É algo que faz parte da minha história e da minha relação de adoração com a gastronomia”, define.

Comer ou não comer

O repertório culinário passa a fazer parte de celebrações e ocasiões tão especiais que ganham um significado e um valor únicos. Inclusive de privação, em alguns casos. “Abstinência e proibição, constante ou temporária, de certos alimentos são, geralmente, considerados meios de atingir estado de graça e santidade”, afirma Ariovaldo França, autor do livro De Caçador a Gourmet – Uma História da Gastronomia (Editora Senac). Para os israelitas, por exemplo, o uso de fermento se transformou em objeto de restrições religiosas, e a fermentação, símbolo de corrupção e deteriorização. Na doutrina hindu, o consumo de carne de vaca é proibido, baseado no conceito de reencarnação. A vaca é considerada descendente direta de um espírito sagrado para esse povo, o Kamadhenu. “Mas é interessante notar que 1400 anos antes de Cristo, na Índia, o Rigveda [o mais antigo livro da literatura hindu] descreve uma sociedade pastoril que se deleitava com festins em que se comia a carne de vaca”, afirma França. Em tempos que precedem a Páscoa, seguidores mais fervorosos da cultura católica cristã não consomem carne vermelha como forma de se abster de comer algo nobre em homenagem ao sacrifício de Jesus, que morreu para salvar seus seguidores. Há quem prefira se abster de outros prazeres culinários (como doces, chocolate, álcool etc.) para encarar os 40 dias da Quaresma.

Essas regras comprovam que o ser humano é cerimonioso no comer e tem uma atitude complexa em relação ao alimento. “Não se come apenas para saciar a fome. O alimento se reveste de valor simbólico e, eventualmente, se transforma em objeto ritual”, diz França. Nas culturas tradicionais, o alimento de base está frequentemente associado a uma divindade e sua produção representa parte da atividade dessa relação. No candomblé, por exemplo, os orixás representam símbolos e forças da natureza – como fogo, água, vento etc. – e cada um deles tem uma preferência gastronômica que deve ser meticulosamente seguida nas oferendas. Por isso, só quem cozinha nos terreiros são as iabassês, mães de santo que guardam os segredos do preparo das receitas e precisam seguir as regras de sua preparação – que vão desde as vestes que elas precisam utilizar até cuidados como não misturar utensílios em receitas para orixás diferentes.

Necessidade de conexão

Curiosa com o fato de cada orixá ter seu prato representativo e com a riqueza gastronômica que isso permite em combinações de sabores, a chef Bel Coelho desembarcou em Salvador para passar uma semana no terreiro Gantois, um dos mais conhecidos da capital baiana, a fim de desvendar os segredos dos preparos das iabassês e conhecer mais esse ritual. “Não sou do candomblé nem sigo uma religião específica, mas fiquei intrigada em conhecer uma crença em que os alimentos tinham papel tão importante”, conta. Da experiência, Bel criou um cardápio especial para o projeto Clandestino, no qual recebe no segundo andar de seu restaurante Dui, em São Paulo, comensais para provar menus degustação, sempre baseados em um tema. “Mais do que no paladar e nas receitas em si, me abri para basear minhas criações nas cores vivas, nos cheiros e na mitologia de cada orixá. Como não podia cozinhar, observei tudo o que pude”, diz.

Para homenagear Iemanjá, talvez a orixá mais conhecida dos não adeptos do candomblé, Bel resolveu apostar em sua vaidade, servindo um robalo cozido e grelhado sobre pérolas de leite de coco e uma farinha de coco tão fina que se assemelha a areia. O prato onde a receita é servida é feito de espelho, como o utensílio que a rainha do mar carrega nas mãos. “A receita ainda leva geleia de rosas, em alusão às oferendas feitas a ela. E o leite de coco foi escolhido para simbolizar o lado materno de Iemanjá”. Outros 15 orixás ganharam, pelas mãos da chef, releituras e inspirações em sua representatividade mitológica. “Realmente me fascina essa necessidade do ser humano de se conectar. O rito é talvez a forma mais primária de conexão que temos, por isso ela é tão representativa.”

Por estar ligada a esse conceito de conexão e celebração da vida, comida não combina com conflitos. Essa, pelo menos, é a máxima do chef armênio Kevork Alemian, que, em 2001, fundou a ONG Chefs4Peace (chefs pela paz, em tradução livre). O intuito dele e de outros cozinheiros que se uniram à empreitada é promover a convivência pacífica entre povos cuja prática religiosa está associada à guerra e à discórdia. A proposta é unir muçulmanos, judeus e católicos por meio da comida. Hoje composta por 20 cozinheiros, a Chefs4Peace tenta resgatar receitas ancestrais que deram origem aos pratos que têm valor sagrado para cada uma dessas religiões. “Pesquisamos em livros sagrados o que se comia na origem da culinária judaica, da alimentação cristã e dos pratos de influência árabe, que deram origem aos costumes dos muçulmanos”, diz Alemian. O foco são alimentos como o sal, o pão e até o azeite de oliva, que têm papel fundamental para essas religiões. “Eles são o que eu chamo de ingredientes da paz.”

Para fomentar essa convivência pacífica e incentivar não só a troca de receitas mas também o intercâmbio de pontos de vista, a ONG fundada por Alemian promove eventos em que chefs dessas doutrinas diferentes se reúnem para cozinhar juntos, em eventos e palestras em todo o mundo. Agora o projeto é fazer funcionar uma escola que já opera de forma experimental no vilarejo de Abu Gosh, a 10 km da cidade sagrada de Jerusalém, para receber jovens das mais diversas religiões e etnias. “Queremos mostrar que, onde há a devoção pela comida, os conflitos não têm lugar para existir.” É um projeto bastante otimista para uma região em que as guerras estão enraizadas no cotidiano dos moradores. “Nossa arma para lutar pelo que acreditamos é a faca, que pode ser perigosa, mas também conciliadora, quando a usamos para criar pratos deliciosos e trocas significativas”, conclui Alemian. Algo que só a crença no poder transformador da alimentação pode oferecer.

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Saiba o que comer para fortalecer os ossos

Alimentos para fortalecer os ossos: Leite
1 litro de leite fornece 1,2 mil miligramas de cálcio

A palavra-chave é cálcio. O mineral, encontrado em doses fartas no leite e seus derivados, serve de matéria-prima para a constituição de todos os ossos do corpo, participando das renovações periódicas do esqueleto. O nutriente é fundamental na infância e na adolescência, período em que 90% da massa óssea é construída. Assim, uma criança que ingere quantidades adequadas de cálcio pode prevenir problemas que só apareceriam na idade adulta. Também é preciso caprichar em alimentos ricos no nutriente durante a gravidez e na terceira idade, quando o risco de osteoporose aumenta.

Invista nas fontes de cálcio

Além do leite e seus derivados ele está presente em vegetais, sobretudo os de folha verde-escura, e em peixes como sardinha , salmão e bacalhau. Só evite combiná-los com alimentos ricos em fibras. Embora benéficas para o intestino e para o coração, elas prejudicam a absorção de cálcio. A cafeína também atrapalha. Portanto, não ultrapasse o limite de cinco xícaras de café por dia. Outro inimigo do cálcio é o excesso de proteína, que contribui para o aumento da excreção do mineral.

Alimentos para fortalecer os ossos: Espinafre
Folhas como espinafre, acelga e couve são fontes excelentes de cálcio

Veja os teores do mineral em alimentos não derivados do leite:

  • Acelga (1 pires) = 73mg
  • Amêndoas (1/4 de xícara) = 92mg
  • Brócolis (1 pires) = 88mg
  • Couve (1 pires) = 152mg
  • Espinafre (1 pires) = 138mg
  • Folhas de beterraba (1 pires) = 99mg
  • Folhas de mostarda (1 pires) = 183mg
  • Folhas de nabo (1 pires) = 184mg
  • Tofu (1/2 xícara) = 258mg
  • Sardinha em lata (1 unidade com espinha) = 86mg

Necessidade diária do nutriente

  • Do nascimento aos 6 meses (o aleitamento materno é suficiente) = 400mg
  • 6 a 12 meses = 600mg
  • 1 a 5 anos = 800mg
  • 6 a 10 anos = 800mg a 1.200mg
  • 11 a 24 anos = 200mg a 1.500mg
  • 25 a 50 anos = 1.000mg
  • Gestantes e mulheres que amamentam = 1.200mg
  • Acima de 65 anos = 1.500mg
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Pipoca!

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Ao contrário do que muitos dizem, a pipoca, quando consumida da forma correta, traz benefícios à nossa saúde.

O milho, um dos cereais mais cultivados no mundo, tem enorme utilização na culinária. Na América Latina, temos 5 tipos diferentes: pipoca, duro, dentado, farináceo e o doce.

Mas o assunto de hoje, é focar na pipoca. Estudo realizado pela Universidade de Scranton, nos Estados Unidos, chegou a conclusão que a casca do milho (pipoca) contém polifenóis e fibras.

Os polifenóis agem no organismo como antioxidantes dos radicais livres. Isto significa que o consumo correto da pipoca ajuda a diminuir o envelhecimento precoce, o risco de doenças cardíacas, a oxidação do colesterol, fortalecem o sistema imunológico, protegem a visão e ainda previnem contra alguns tipos de câncer.

Pesquisas revelaram que a pipoca contém mais teor de polifenol do que as frutas e legumes. Mas não se engane e se deixe levar por não consumir alimentos naturais. A explicação para a comparação feita por estudiosos, é que a pipoca contém apenas 4% de água, enquanto que frutas e verduras podem chegar a 90%.

Por conter um amido resistente, que é um ótimo tipo de carboidrato que não provoca elevações repentinas de açúcar no sangue, a pipoca também previne o diabetes e dá a sensação de saciedade por mais tempo. O nutriente que está presente na parte branquinha ajuda a reduzir os riscos de câncer no aparelho digestivo.

Outro benefício são as fibras. A pipoca tem quantidade cinco vezes maior que uma porção de alface, por exemplo. Com isso, auxilia na digestão e seu consumo moderado pode auxiliar na perda de peso. Mas isso só tem efeito se a pipoca for consumida junto com algum líquido. Portanto, prefira água ou sucos naturais. Evite refrigerantes, que além de serem um inimigo para a saúde, vão anular todos os benefícios da pipoca.

Para que você receba os nutrientes benéficos desta explosão de delícia, é preciso esquecer pipoca de micro-ondas e aquela lá do cineminha.

O balde de pipoca do cinema tem cerca de ¾ de toda caloria necessária por dia. Se for comprar, divida com os amigos e peça sem sal. A de micro-ondas é caprichada em gordura, muitas vezes do tipo trans, o que não é nem um pouco legal para a saúde.

A melhor forma de consumir e ter seus nutrientes revertidos em benefícios para a saúde, é fazer a velha e boa pipoca na panela com um fiozinho de óleo e pouco sal. Depois de estouradas, você pode dar sabor com pimenta do reino, a branca e a rosa, orégano, alecrim e outras ervas cheirosas.

Uma xícara de chá cheia de pipoca tem cerca de 100 calorias, o equivalente a uma fatia de pão de forma ou meio pão francês. Portanto, nesta quantidade, pode ser consumida duas vezes por semana.

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Na verdade, fazer pipoca não tem segredo nenhum. Mas a gente te passa a receitinha com pouco óleo e pouco sal para você desfrutar dos benefícios desta crocância que todos adoramos.

Ingredientes:

– Milho de pipoca

– Óleo de canola, girassol ou azeite de oliva

– Sal

Como faz:

  1. Coloque gotinhas (5 ou 6) de óleo na panela e deixe esquentar alguns segundos;
  2. Coloque o milho no óleo quente, tampe a panela e espere estourar;
  3. Depois de pronto, coloque em um recipiente e acrescente o sal com moderação. Abuse nas ervas e na pinmenta.

Escolha um bom filme e nhac!

 

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Vá Pastar!

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Quando pega a estrada, Valdely Kynupp olha para o canteiro ao lado da pista e enxerga um supermercado. O mato que, para o motorista comum, parece apenas fruto da má conservação das rodovias brasileiras, tem valor nutricional para esse botânico, pesquisador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam). Ele vê taboas, uma planta aquática típica de banhados, e imagina uma salada. O pólen da taboa, que tem seis vezes mais vitamina C que a laranja, pode ser comido puro, de colher. Ou junto com iogurte.

Kynupp tem uma paixão por alimentos alternativos. Em sua tese de doutorado, estudou 1,5 mil inços, pragas e ervas daninhas na região metropolitana de Porto Alegre. Concluiu que 311 (cerca de 20%) tinham potencial alimentício. Isso é muito mais do que costumamos comprar na feira ou no supermercado. A FAO, o órgão das Nações Unidas para alimentação e agricultura, estima que a demanda mundial por alimentos dependa de 150 espécies, sendo que apenas 12 delas são responsáveis por 75% de tudo o que nós comemos. Nossa variedade alimentícia não é tão variada assim: arroz, milho e trigo fornecem metade de toda a energia alimentar do planeta (incluído aí o que é destinado para ração animal).

Mas nem sempre foi assim. A FAO calcula que, ao longo da história, 7 mil espécies foram cultivadas para fins alimentares. Os critérios sobre o que é comestível variam conforme as culturas e a passagem do tempo, mas uma das mais completas listagens está no livro Plants for Human Consumption (“plantas para consumo humano”, sem edição no Brasil), de Günther Kunkel. Na obra, o botânico alemão contabilizou 12,5 mil espécies potencialmente alimentícias. O número pode ser ainda maior. Um dos mais respeitados estudiosos da área, o ecologista argentino Eduardo Rapoport, estima em 27 mil as plantas que podem ser servidas na mesa. Então, quando Kynupp olha para a beira da estrada, não enxerga apenas um palmito alternativo com valor nutricional. Ele vê um enorme potencial desperdiçado. As plantas alimentícias não convencionais, conhecidas por uma sonora sigla (pancs), poderiam enriquecer em nutrientes e baratear em custo a dieta do brasileiro.

Dentro das caravelas que chegaram às Américas, os europeus trouxeram sementes das suas espécies favoritas, como arroz e trigo. E o gosto do colonizador venceu a cultura dos índios, que se alimentavam do que a natureza oferecia ao seu redor. Cinco séculos depois, cerca de 52% das espécies mais consumidas no mundo vêm da Europa e da Ásia. Para cultivá-las em ecossistemas estrangeiros, agricultores do mundo todo fazem uma ginástica enorme, gastando bilhões de dólares em preparação do solo, sementes modificadas e pesticidas. O Brasil, por exemplo, importa mais de 60% do trigo que consome. E 90% da produção nacional está concentrada no Sul. Ou seja, para comer o pãozinho de cada dia, você depende de uma planta originária do Oriente Médio, que, se não foi importada da Argentina, do Uruguai ou do Paraguai, veio de um lugar do sul do País para virar farinha e cruzar milhares de quilômetros até chegar à padaria. E isso acontece no mundo inteiro. O trigo é produzido em poucas regiões do planeta – as zonas de produção são pequenas manchas no globo, principalmente na Europa, Ásia e América do Norte.

Enquanto isso, possivelmente há plantas nutritivas brotando no quintal da sua casa ou em algum terreno baldio da vizinhança. “Mas a maioria das pessoas não enxerga isso. Vê tudo como mato”, diz Kynupp, que consumiu, para fins acadêmicos, 253 das 1,5 mil espécies analisadas. São folhas, raízes, frutos e flores, entre outras partes de plantas. Em geral, as pancs, também chamadas de hortaliças negligenciadas ou subutilizadas, são mais amargas que as verduras compradas no supermercado. Algumas são levemente tóxicas. Mas o risco depende da sensibilidade de cada pessoa, do modo de preparo e, também, de quem colhe as plantas. “Quem mora na zona rural sabe diferenciar uma planta da outra, assim como quem mora na cidade tende a diferenciar marcas de carros”, exemplifica Kynupp. Grande parte das plantas alimentícias não-convencionais também são consideradas “ruderais”, ou seja, vegetais adaptados às cercanias das construções humanas, que se aproveitam dos restos de outros vegetais ou animais para crescer. São pragas que prosperam em solos ricos em nitrogênio, mas que possuem grande concentração de proteína.

E é aí que reside o grande argumento dos defensores dessas plantas. Certo, elas são muito amargas e algumas são pragas tóxicas. Mas elas são muito nutritivas. “O Brasil é um dos países mais biodiversos do planeta, mas a nossa alimentação ainda é muito pobre. A gente come de dez a 20 plantas por dia, cerca de cem ao longo de um ano inteiro. Isso é pouco”, diz Kynupp. “E quase tudo que a gente come não é brasileiro. A gente fala muito da biodiversidade brasileira e come a biodiversidade dos outros”.

O discurso é saboroso, mas, na prática, a valorização das espécies silvestres ainda está restrita aos círculos acadêmicos e ao setor mais hardcore das feiras de alimentos orgânicos. Em 2010, o Ministério da Agricultura lançou o Manual de Hortaliças Não-Convencionais, com orientações para cultivo e preparo de 23 espécies, entre elas o jacatupé, chuchu-de-vento, beldroega e ora-pro-nóbis. Este último é um dos poucos alimentos não tradicionais que têm relativa popularidade, especialmente em Minas Gerais, onde há até um festival gastronômico, em Sabará, dedicado à planta.

Em maio do ano passado, a FAO manifestou preocupação com a diversidade alimentar e recomendou o consumo de insetos como fonte de proteína. Mas por que insetos e não pancs? Besouros e grilos ganharam atenção porque são saudáveis e a criação é barata. Para produzir a mesma proteína, o grilo precisa de um volume de alimentação 12 vezes menor que o gado, por exemplo. Além disso, ao contrário de plantas verdinhas, insetos são nojentos, então eles precisam de um incentivo, de uma campanha mais convincente para serem popularizados.

Estudos apoiam a tese do potencial nutricional das variedades rústicas. Jo Robinson, jornalista e autora do recém-lançado livro Eating on the Wild Side (“comendo no lado selvagem”, sem edição no Brasil), dá um exemplo: um dente-de-leão selvagem tem sete vezes mais fitonutrientes do que o espinafre, que, como sabe quem via Popeye, é um superalimento. Os fitonutrientes ajudam a combater o câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e demência.

Ainda há o caso de alimentos tradicionais que perderam potencial nutritivo, como o milho. Nas últimas décadas, ele vem sendo selecionado para ser mais doce, o que permite a produção de etanol. Hoje, quase 40% do milho é açúcar. A padronização cresce e nosso acesso a culturas alimentares diferentes diminui.

Mas ainda há muito a explorar, espepecialmente entre essas espécies excluídas. Um passeio pelo Jardim Botânico de Porto Alegre ajuda a entender o que o aventureiro pode esperar de uma colheita silvestre em terreno urbano. O picão-preto, que tem folhas similares às de hortelã, nasce no meio da grama e tem sabor suave. Serralha lembra uma rúcula, mas não muito amarga. O sabor picante e doce é a marca das folhas da capuchinha, cuja flor já é usada como decoração de saladas. O picão-branco tem leve amargor e lembra o manjericão na aparência. Nenhuma dessas espécies é repugnante. A degustação não convencional foi acompanhada de uma conhecedora do tema, a diretora executiva do Jardim Botânico, Andréia Carneiro, especialista em pancs. Não por acaso, Andréia conviveu com Kynupp. “O Valdely fazia suco de cacto, que é a coisa mais nojenta do mundo”, lembra. “Ele come qualquer porcaria”.
Andréia, diferentemente de Kynupp, não recomenda uma expedição gastrômica silvestre sem o acompanhamento de um especialista. “É difícil reconhecer as plantas se tu não és botânico”, avisa. Além do mais, a tolerância aos sabores rústicos e ao nível de toxinas varia para cada pessoa. O amargor marcante em grande parte das folhas indica um dos maiores benefícios de incluir plantas negligenciadas na dieta. Segundo Andréia, o gosto forte revela a presença de compostos secundários na planta, que deixam os alimentos mais nutritivos. Em alguns casos, porém, isso indica o nível de toxidade da planta. “É um aviso da natureza”, ensina. Portanto, cuidado na colheita.

Experimente

Plantas não convencionais que podem ir para sua salada

Chuchu-de-vento

Famoso no Peru. Pode ser consumido cru, frito, ou cozido. O fruto é amargo adocicado. Acompanha carnes e molhos.

Encontre – É uma trepadeira, então precisa de espaço. É raro vê-lo em uma calçada.

Beldroega

Boa para a salada. Os talos e folhas podem ser consumidos crus ou como sopas, sucos ou caldos, que ficam cremosos.

Encontre – Os ramos e folhas são pequenos e podem ser encontrados em qualquer solo rico em matéria orgânica – até mesmo em terrenos baldios.

Ora-pro-nóbis

Cacto com jeito de trepadeira, é popular em Minas, onde é consumido em angus, sopas, mexidos e omeletes.

Encontre – Em tudo que é lugar. Precisa de pouca água e sobrevive em condições extremas.

Serralha

Conhecida também como chicória-brava, as folhas, quando tenras, combinam com salada verde.

Encontre – Comum em terrenos abandonados, próximo a muros e cercas. É uma erva resistente que não chega a 1 metro de altura.

Jacatupé

Consumido na Amazônia Ocidental. As raízes podem ser comidas cruas, cozidas ou defumadas. É possível fazer polvilho das raízes para bolos e tortas.
Encontre – Mais difícil. É uma trepadeira comum em cabeceiras de rios da Amazônia.

 

Como não morrer comendo mato em 5 passos

1. Por partes

Algumas plantas são, sim, tóxicas. Mas as toxinas ficam mais perigosas à medida que são ingeridas em maior quantidade. O melhor a fazer é provar um pequeno pedaço. Se agradar, continue. Se parecer repugnante ou extremamente amargo, cuspa.

2. Gostinho amargo

É um tema polêmico entre os apreciadores, mas o alto amargor pode indicar risco. Seria um aviso da natureza, aprimorado em milênios de coleta pelos nossos ancestrais.

3. Fibras

Evite folhas ou caules muito fibrosos. Você terá dificuldade de mastigar e digerir. Se for pouco flexível, passe adiante.

4. Confie nos entendidos

Quem já viu o filme Na Natureza Selvagem sabe do risco de confiar em livros e ilustrações para escolher o mato certo. Prefira ouvir botânicos, especialistas na flora local ou manuais de plantas comestíveis se estiver em dúvida.

5. Ponha na panela
Algumas plantas são difíceis de comer e até tóxicas quando cruas, mas se tornam palatáveis depois de cozidas. Cada caso é um caso, é claro, mas os riscos costumam diminuir quando as plantas vão ao fogo.

 

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Petiscos saudáveis

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Assados, sempre!

Invista nos assados, como chips de batata doce, inhame, beterraba e cenoura. “Corte esses alimentos em fatias finas e coloque-os em uma forma anti-aderente, levando-os ao forno pré-aquecido, à potência máxima, até dourarem (aproximadamente 5 minutos). Quando estiverem prontos, pode acrescentar um fio de azeite extra-virgem e um pouco de sal para temperar”, sugere Maria.
Esses alimentos são alternativas saudáveis aos petiscos industrializados. “Essa substituição possui uma boa oferta de carboidratos, promovendo energia, e seu preparo é livre de gorduras saturadas e trans (o azeite é uma gordura insaturada, cujo consumo moderado traz benefícios à saúde)”, alerta a nutricionista.

Oleaginosas

Mix de oleaginosas também é ótima pedida. “Aposte na castanha-do-pará, amêndoas, castanha-de-caju, amendoim sem sal, macadâmia, avelã e nozes, que podem ser consumidas junto com frutas secas como o damasco, a tâmara e uvas passa”, sugere Maria.
As oleaginosas são conhecidas por promoverem saciedade, além de serem ricas em ricas em nutrientes importantes para o corpo. “Elas possuem proteínas, fibras, vitamina E, selênio, zinco, cobre e magnésio. No entanto, por serem muito calóricas, devem ser consumidas com moderação. Procure consumi-las sem sal ou, se não quiser abrir mão, use-o com bastante moderação”, indica a nutricionista.

Pipoca caseira

Preparar a própria pipoca, além de ficar com aquele cheirinho delicioso em casa, é outra forma de deixar de lado os alimentos industrializados. “Coloque 4 colheres de sopa (ou mais, dependendo da quantidade de pessoas) de grãos de milho em um saco de papel (serve aquele saco de padaria em que se vende o pão francês), e leve-o ao micro-ondas em potência máxima por aproximadamente 2-3 minutos (o tempo de estouro do milho vai depender da potência de cada micro-ondas – portanto, fique atenta). Você pode preparar também um sal de ervas para acompanhar, batendo 1 xícara de sal marinho (ou sal do Himalaia, sal rosa, e outras versões mais saudáveis do sal de cozinha) com 1 xícara de ervas desidratadas à sua escolha (manjericão, alecrim, orégano, cebolinha, salsa…) no liquidificador, e depois peneire na sua pipoca”, sugere a nutricionista.