Quem tem garante: basta começar uma pequena horta para nunca mais querer abandonar a praticidade de contar com temperos e ervas aromáticas ao alcance das mãos, na sacada do apartamento ou no quintal de casa. Os profissionais que entendem do assunto dizem que a iniciativa dá um pouco de trabalho, mas que vale a pena para ter salsinha, manjericão e pimenta fresquinhos à disposição.
O que plantar
Veja informações sobre as características dos diferentes tipos de plantas, para escolher a que mais combina com a sua rotina:
Alecrim: como é uma planta muito resistente, é ideal para quem não tem muito tempo para cuidar da horta. Adaptado a climas mais quentes e secos, pode passar até três dias sem ser regado. É ideal para temperar carnes, especialmente peixe e frango.
Cebolinha e salsinha: resistem bem ao inverno e precisam ser regadas diariamente para se desenvolverem. Ambas são usadas em sopas, saladas, omeletes e sanduíches.
Hortelã: como as raízes são mais profundas que as das demais ervas, deve-se sempre plantá-la sozinha em um vaso, para não prejudicar o desenvolvimento das outras plantas. Bastante apreciada pela culinária árabe, vai bem em assados e grelhados e pode ser usada na decoração de pratos e no preparo de chás.
Manjericão: prefere temperaturas mais altas ou, pelo menos, amenas. É bom se informar sobre as peculiaridades dos diferentes tipos. O manjericão roxo, por exemplo, não gosta de muito sol. É ótimo para acompanhar pratos da cozinha italiana, como pizzas e molhos para massas.
Manjerona: com características parecidas com o manjericão, ela precisa ser regada todos os dias. Popular nas cozinhas grega e italiana, acompanha pratos com carnes, sopas e pizzas.
Orégano: se adapta bem em vários ambientes e exige pouca água para se desenvolver. Conhecido por seu uso em pizzas, o orégano também pode ser utilizado em molhos e assados.
Pimenta: resistente, é uma planta que gosta de espaço para se desenvolver. Vale a pena plantá-la sozinha na floreira, para que consiga crescer rapidamente. Com seu sabor picante, vai bem em molhos, conservas e temperos.
Sálvia: resiste bem às baixas temperaturas, então se dá bem no inverno. É ideal para quem não tem muito tempo para cuidar, porque pode ser regada a cada dois dias. É usada principalmente para a decoração de pratos e para temperar carnes mais gordurosas, como carne de caça.
Tomilho: é do tipo que não gosta de muita água e pode ser regado a cada dois dias. Uma dica importante: quanto menor a umidade no vaso, mais cheiroso o tomilho fica. Usado principalmente em ensopados e molhos à base de vinho.
“Outra vantagem é a diferença que a medida garante ao sabor da comida. Quando você começa a perceber quais acompanhamentos vão melhor com cada erva e se preocupa em manter a horta bem cuidada, o gosto dos pratos fica muito melhor”, comenta o arquiteto, paisagista e proprietário da Horgânica Cultivos Saudáveis, Ronaldo Leão Rego. A empresa desenvolve projetos para pessoas que desejam montar a própria horta.
Ronaldo explica que os temperos podem ser plantados o ano todo, mas algumas épocas rendem ervas melhores. “No Brasil, o clima é mais regulado, então não há muitas ressalvas. Porém, como na primavera e no verão as plantas se desenvolvem mais, estamos entrando na melhor época para começar a horta.”
Quanto às plantas a serem escolhidas, o engenheiro agrônomo e gerente de jardinagem da Esal Flores, Rafael Yano, garante que a decisão é pessoal. “As preferidas são manjericão, cebolinha, salsinha e pimenta”, diz.
Plantas como alecrim, sálvia, cebolinha e orégano são mais resistentes e conseguem se desenvolver mesmo com poucos cuidados. Mas não tem jeito: quem pretende ter uma horta em casa precisa gostar de cuidar de plantas. “Se a pessoa não quiser dispor de pelo menos uma hora por semana e colocar a mão na terra de vez em quando, nem adianta começar”, adianta o arquiteto.
O principal cuidado antes de começar a horta é se manter atento à quantidade de luz. Todas as ervas precisam, no mínimo, de quatro horas diárias de sol direto, preferencialmente em horários mais amenos, entre 9 h e 15 h. No horário do almoço, o melhor é abrigar a planta na sombra.
Também é bom não exagerar no volume de água. Há plantas que exigem pouca quantidade, como o alecrim, e outras, como a salsinha e a cebolinha, que gostam de muita umidade. Por isso é bom se informar, ficar de olho nas plantas e descobrir a frequência ideal para regar cada uma delas.
O vento forte e o frio também são inimigos, portanto, principalmente no inverno, vale a pena remover as floreiras de locais onde tomem vento direto ou utilizar coberturas adaptadas, como telas ou capas de máquina de lavar roupa.
Verduras e legumes
Para quem está pensando em começar uma horta com ervas aromáticas e logo plantar também verduras e legumes, o arquiteto recomenda paciência. Um pé de alface, por exemplo, precisa de um vaso de pelo menos 30 centímetros de altura e 20 de diâmetro para se desenvolver. “Além de exigir espaço, também há a questão do tempo. O ciclo das verduras e dos legumes é demorado: a pessoa tem de calcular se vale a pena todo o trabalho para esperar dois meses até conseguir uma alface”, afirma.
Outro problema é que, mesmo que a pessoa tire apenas algumas folhas para consumo, a alface continua crescendo. “É comum os pés chegarem a um metro de altura, o que é incompatível com um apartamento.”
Cuidados
Veja cinco dicas para manter sua horta sempre bem cuidada:
O local: Prefira cômodos onde bate sol direto pela manhã, como a sacada, o quintal e a área de serviço. As hortas mais conhecidas são as horizontais, dispostas em floreiras, que podem ser colocadas no chão. Para quem tem pouco espaço e quer caprichar na decoração, vale a pena investir em hortas verticais.
As pragas: Em caso de praga, uma dica quase infalível é aplicar nas ervas um pouco de óleo de nim – um inseticida e fungicida orgânico. Caso prefira, você pode dissolver um pouco de sabão em pó e uma pitada de sal em água, o que funciona principalmente no caso da cebolinha. Aplique com um borrifador.
A rega: O ideal é molhar as plantas diariamente, mas não exagere na quantidade de água. Para verificar se a rega está correta, coloque um dos dedos na terra e afunde um pouco. Você deve sentir a terra úmida – e não seca ou encharcada. Também vale a pena comprar um tubete perfurado, à venda em lojas de produtos para jardinagem. Formado por uma espécie de canudo, ele fica enterrado no vaso e controla a dispersão da água.
A poda: Os temperos e as ervas aromáticas não precisam de uma poda específica, já que frequentemente as folhas são arrancadas para consumo, mas é bom ficar atento à forma certa de realizar esse processo. No caso do manjericão, nunca se deve puxar a folha de maneira que descasque o caule. O melhor é não usar facas ou tesouras e cortar a folha com as mãos, já que vários temperos reagem ao corte com lâmina. A cebolinha não deve ser cortada, o que faz com que ela brote mais fraca. Como ela é formada por “capas”, o ideal é retirar as camadas de fora até a base.
A manutenção: É recomendado afofar a terra pelo menos mensalmente, revirando-a dentro do vaso de maneira delicada para não machucar as raízes. Também é bom acrescentar um pouco de adubo durante esse processo. De seis em seis meses, vale a pena trocar a terra da floreira para renovar os nutrientes.