Mais sabor e qualidade
Não é novidade que os alimentos orgânicos são mais saudáveis e saborosos, mas o que pode ser surpresa é que o impacto disso vai além do nosso estômago. Na contramão desses alimentos cultivados de forma convencional, ou seja, com o uso de agrotóxicos, estão os alimentos orgânicos, que não só representam mais sabor e saúde, mas também uma completa revolução sustentável, logo aí na sua mesa, bem diante do seu apetite. Diferentemente da agricultura convencional, essa produção respeita princípios, como proteção da biodiversidade, condições de trabalho adequadas e o manejo correto da água e do solo. E todo esse trabalho tem um preço que, na verdade, é o mais justo. A engenheira agrônoma Priscila Terrazan, coordenadora de projetos do Instituto BioSistêmico (SP), convida a invertermos a forma de pensar. “Quando consideramos caro demais o valor de um produto certificado como orgânico, precisamos pensar que, a ele, estão agregados muitos valores. Valores estes que são multiplicados pela quantidade de pessoas no mundo que comem diariamente como você.” Se, de fato, queremos adotar uma postura mais saudável e condizente com a realidade do planeta, isso pode começar com tudo aquilo que colocamos em nossos pratos.
Porque vale a pena pagar mais?
O benefício para o corpo é a proteção contra doenças cardiovasculares e degenerativas. A explicação para isso é que a ausência de fertilizantes ativa os sistemas de defesa
naturais da planta. Daí a produção intensa de polifenóis que elevam sua resistência.
Os benefícios de carnes e derivados orgânicos Saudável, não livre de micróbios
Os alimentos orgânicos não estão livres demicróbios que podem fazer mal à saúde.Os cuidados devem ser os mesmos com ahigienização.Para a limpeza, apenas água potável é suficiente. Para a desinfecção, utilizarágua sanitária comercial na proporção de uma colher (sopa) para 1 litro de água. Os alimentos deverão ficar imersos por 30 minutos. Depois, basta enxaguar com água filtrada. Quanto aosagrotóxicos, não tem uma eliminação total.Podemos diminuir sua quantidade com higienização adequada. Após a limpeza com água potável e desinfecção, lave novamente com água ebicarbonato de sódio. Deixe de molho por 20 a 30 minutos e enxágue com água filtrada.
Já carnes, leite e ovos orgânicos são garantidos pelos cientistas: “O animal não fará consumo
de ração com adição de hormônios ou antibióticos, favorecendo a saúde humana”, destaca Fábio Bicalho, nutricionista clínico e funcional (DF). “As proteínas dessas fontes tendem a ser mais magras, além de terem mais sabor”, aponta periódico publicado pela Escola de Medicina de Harvard (EUA). Isso faz desses orgânicos de origem animal uma opção para quem precisa reduzir o consumo de gordura total e garantir um alto conteúdo de antioxidantes. “Para isso, os animais devem ser abatidos com 100% de alimentação baseada em pasto”, recomenda a Escola de Agricultura da Universidade Estadual da Califórnia (EUA).
Os efeitos dos agrotóxicos nos alimentos
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até oferece dados sobre os alimentos maiscontaminados,mas não existe um controle de qual e onde é a produção com maior índice de uso de agrotóxicos.Mas a recomendação do nutricionista é alternar sempre entre os produtos e comprar em diferentes fornecedores tidos como seguros.
“Nas mulheres, por exemplo, os conhecidos promotores de crescimento, muito presentes nas carnes, geram tristes efeitos na reprodução, especialmente a infertilidade”, adverte a engenheira Priscila. “É importante ressaltar que o alguns efeitos de agrotóxicos podem passar por mais de uma geração.Por exemplo, um feto exposto a agrotóxicos ainda no útero pode ter anomalias no desenvolvimento de seu testículo fora da bolsa escrotal, o que aumenta o risco de câncer”, explica aendocrinologista Ruth Clapauch, presidente do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da fi lial carioca da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem-RJ).
O que vale e o que não vale a pena comprar orgânico
Segundo Luisa Ribeiro, da Abio, “em geral, as verduras são muito afetadas pelos agrotóxicos, já que estão expostas e se come como elas vêm. Tomate, pimentão, morango e cenoura são os mais afetados”. Luisa lista ainda as raízes: batata, nabo e beterraba. Elas devem ser consumidas orgânicas porque os agrotóxicos se fixam no solo. “Frutas com cascas grossas, como a laranja, são mais protegidas e frutas regionais, mais adaptadas às condições locais, são resistentes e levam menos agrotóxicos.” Segundo o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em alimentos (Para), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os casos mais problemáticos são os do pimentão, da uva, do pepino e do morango, nessa ordem. Na tabela abaixo, veja as sugestões daquilo em que você pode investir um pouco mais. Ela está baseada nos critérios de exposição a agrotóxicos, espessura das cascas, contato com o solo e/ou a sazonalidade:
Alimentos que valem a pena consumir orgânicos
batata / beterraba / cereja / espinafre / maçã /
morango / nabo / pepino / pera / pêssego /
pimentão / tomate / uva.
Alimentos que Não valem a pena consumir orgânicos
abacate / abacaxi / aspargo / banana / brócolis /
cebola / couve-flor / ervilhas / kiwi / laranja /
manga /milho / mamão papaia